Chamam-lhe a Veneza portuguesa e talvez a comparação seja ingrata: porque há saberes e sabores que são únicos. Se ainda não conhece esta região, deixe-se ficar por aqui e inspire-se.
É como se houvesse uma mistura perfeita entre polos que não são opostos. Aqui há águas que não se misturam, mas fundem-se na mesma cultura. Há cheiro de mar e de ria. Há paisagem natural e urbana, arte antiga e nova, passeios de barco e a pé, desportos náuticos e termas, museus e “casas às riscas”, doces e salgados, reboliço e tranquilidade.
Composta por 11 municípios – Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever-do-Vouga e Vagos – a Região de Aveiro tem um pouco de tudo. Tal como os rios desaguam na Ria de Aveiro, também os concelhos da Região confluem para aqui – ou não fosse este o seu maior e mais importante recurso natural. Seja a bordo de um barco moliceiro, num passeio a pé pela cidade, pela praia ou num trilho, acompanhe-nos nesta viagem e viva uma experiência única.
Visitar a cidade
A pé, de bicicleta, de barco… ou, se quiser, os três. Porquê escolher uma forma de visitar a cidade se todas lhe trazem experiências diferentes? Se gosta de caminhar, tem a vantagem da cidade de Aveiro ser quase toda plana, o que facilita a tarefa. Os fãs das duas rodas, encontram bicicletas elétricas disponibilizadas por nós, que podem utilizar em qualquer dia da semana.
Já o barco moliceiro entra na lista dos imperdíveis. O que hoje é conhecido como um símbolo turístico da região, candidato a património da UNESCO, foi outrora um instrumento de trabalho: no século XIX, estes barcos eram utilizados para apanhar o lodo que existia na Ria, conhecido por moliço, que depois de secar ao sol, era utilizado como fertilizante. Quando o moliço foi substituído pelos adubos químicos, os moliceiros deixaram de ser necessários e tornaram-se os barcos que hoje alegram a Ria com as suas cores vivas, contando, cada um, a sua história. Repare nos desenhos e gravuras de cada embarcação e observe os motivos religiosos ou as piadas mais “atrevidas”. Faça um passeio numa destas embarcações típicas para ficar a conhecer a cidade através dos canais. Se for de manhã, aproveite a melhor hora para fotografar os Palheiros da Costa Nova, com as suas riscas encarnadas, azuis e verdes (outrora utilizados como armazéns de pesca, reza a lenda que os pescadores começaram a pintá-los para que fossem facilmente reconhecidos quando regressavam do mar). Se for ao final da tarde, usufrua de um belo pôr-do-sol e veja a Ria a mudar de tonalidade, graças ao efeito da luz solar. No final de junho, pode também assistir à Grande Regata dos Moliceiros, inserida na Ria de Aveiro Weekend, um evento com a duração de três dias, com atividades ligadas à cultura, património, desporto, artes e gastronomia local, distribuídos pelos 11 municípios da região de Aveiro.
Junto ao canal principal, alargue o seu ponto de vista e repare nos edifícios que se erguem ao estilo “Arte Nova”. O movimento surgiu na Europa com o intuito de transformar objetos mundanos, do dia-a-dia, em obras de arte. Chegou a Portugal no início do século XX e instalou-se em Aveiro pela mão de emigrantes que tinham enriquecido no Brasil e regressado à sua terra com vontade de aprimorar pormenores arquitetónicos. Ao todo, tem 10 edifícios para descobrir, sobretudo no centro da cidade: repare, por exemplo, nas flores na fachada da Casa do Major Pessoa e nos jardins no Coreto do Parque Municipal Infante D. Pedro. Qual membro da realeza, a cidade de Aveiro herdou mesmo o cognome de Cidade-Museu da Arte Nova – um título reconhecido mundialmente pelo Réseau Art Nouveau (uma rede de cooperação constituída pelas cerca de 20 cidades que melhor representam e preservam o património de Arte Nova nos seus edifícios). O Museu de Arte Nova fica localizado numa das margens do canal central e aqui poderá conhecer melhor a história deste movimento e apreciar a fachada.
Se quiser saber um pouco mais sobre a cidade, passe pelo Museu de Aveiro. Está instalado no antigo Convento de Jesus da Ordem Dominicana feminina e foi aqui que, no século XV, viveu a Princesa Santa Joana, filha de Afonso V. A sua vida dedicada à religião, conduziu à sua beatificação em 1693. Aqui poderá visitar o Mausoléu da Princesa Santa Joana e apreciar a talha dourada que decora o interior da igreja.
Se for a pé pelo centro histórico, em ritmo de passeio, ao sabor das férias, aproveite para tirar fotografias sobre as pontes, visitar o Mercado do Peixe e fazer uma pausa junto à Praça 14 de Julho, enquanto assiste ao movimento da cidade.
Chegada à hora de almoço, experimente um dos pratos típicos da região – caldeirada de enguias ou lampreia – ou desfrute de peixe ou marisco fresco, aproveitando o facto de estar numa cidade com tradição pesqueira. Os doces são uma tentação à qual não vale a pena resistir: à sobremesa ou ao lanche, prove os deliciosos Ovos Moles – servidos em barricas de madeira ou envoltos numa crosta de massa de hóstia – ou uma Tripa de Aveiro – semelhante à bolacha americana, utilizada no gelado, mas mais mole.
O centro da cidade visita-se em poucas horas, mas, em redor, há muito para explorar. Se ainda não marcou na sua agenda, faça uma escapadinha de fim-de-semana e reserve, pelo menos, dois ou três dias para visitar a região.
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